Campanha negativa


SÃO PAULO - A campanha de Dilma começa a enfrentar um dilema. Após 15 dias de intenso bombardeio, a estratégia do medo, que teve o mérito de estancar o que o próprio PT chamava de "furacão Marina", dá sinais de esgotamento.

A candidata do PSB, de fato, parou de crescer nas pesquisas, mas não houve o tal efeito Russomanno. Em 2012, Celso Russomanno era líder na disputa para prefeito de São Paulo com larga vantagem (tinha 35% em meados de setembro contra 21% de Serra e 15% de Haddad). Submetido a duas semanas de ataques, derreteu e nem foi para o segundo turno.
A propaganda massiva de Dilma conseguiu habilmente tirar a reeleição do foco das discussões. Num momento em que a economia patina e um novo escândalo atinge o governo, o país parou de refletir sobre o governo do PT e passou a debater se Marina é a candidata dos banqueiros, se ela pretende acabar com o Bolsa Família e o pré-sal e se o seu destino será semelhante ao de Collor.
O problema para Dilma é que a campanha negativa aparentemente começou a produzir um efeito contrário. Segundo a última pesquisa do Ibope, divulgada terça (16), a tendência de recuperação da presidente foi estancada (está com 36%), e Marina manteve-se no patamar de 30%. Aécio subiu de 15% para 19%
Parar de bater, no entanto, mesmo que o Datafolha confirme na sexta (19) o tal efeito colateral dos ataques, é uma opção bastante arriscada para o PT, já que Marina continua empatada com Dilma na simulação de segundo turno (Marina tem 43% contra 40% de Dilma), sendo que na nova fase da eleição não haverá mais a abissal diferença de tempo de TV entre as candidatas. Marina, hoje quase uma candidata nanica no horário eleitoral, terá os mesmos 10 minutos de exposição de Dilma e, provavelmente, conseguirá sair das cordas.

A impressão que fica, cada vez mais, é a de que Dilma dependerá de uma bala de prata para seguir no Planalto em 2015. Mas ela existe? 

Rogério Gentile é Secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna Painel e do caderno 'Cotidiano'. Escreve às quintas.

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