Ministro diz que ações por retomada estão em curso e novas medidas estão a caminho
SÃO PAULO E RIO - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,
confirmou esta manhã que o governo prepara um pacote de medidas para
ajudar na retomada do crescimento econômico, como antecipou o GLOBO em
sua edição desta segunda-feira. Ele negou ainda estar sendo "fritado"
por aliados políticos do presidente Michel Temer, especialmente no PMDB e
no PSDB.
Em entrevista ao colunista do GLOBO Jorge Bastos Moreno,
Temer admitiu pressões por mudanças na condução da política econômica,
mas reiterou apoio a Meirelles. O presidente adiantou ainda que ações
estavam sendo desenhadas pela equipe econômica — um pacote de dez
medidas — para religar os motores do crescimento.
— Não tenho visto isso (estar sendo fritado). Estamos em um processo
de discussão sobre o que precisamos fazer (para que a retomada ocorra) —
afirmou Henrique Meirelles, durante evento na Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp).
Há muita insatisfação na base aliada com a anemia da economia
brasileira e a aposta excessiva da Fazenda em medidas fiscais de
dificílima negociação com o Congresso e cujos efeitos só serão colhidos
no longo prazo. O cardápio curto de opções é alvo de críticas também de
economistas influentes, como o ex-presidente do Banco Central (BC)
Arminio Fraga, ligado aos tucanos, e de setores do empresariado, como a
própria Fiesp.
Estes segmentos reivindicam a adoção de medidas de estímulo à
economia, de alívio ao endividamento das empresas e/ou de efeito fiscal
imediato, entre outras. Armínio, por exemplo, sugeriu semana passada, em
entrevista ao "Valor Econômico", elevação de impostos ou suspensão de
desonerações em vigor para melhorar o resultado das contas públicas,
abrindo espaço para uma ação mais agressiva do BC.
A indústria tem pedido medidas de incentivo à produção e às
exportações, entre outros pontos. Já a ala política com trânsito no
Palácio do Planalto se concentra na defesa de que o BC reduza mais
rapidamente os juros, mesmo sem contrapartida fiscal, e libere
compulsórios para que os bancos alonguem as dívidas das empresas,
abrindo espaço para retomada de investimentos.
Fazenda e BC se opõem a várias dessas ideias. Cauteloso, Meirelles se esquivou de detalhes esta manhã:
— Estamos em processo de elaboração (do pacote de dez medidas). O Brasil está cansado de medidas precipitadas.
Na avaliação do ministro, o mais importante é garantir o controle dos
gastos públicos e a redução da participação da dívida pública em
relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Para isso, descarta medidas de
incentivo à economia que passem por desonerações de impostos:
— Não pretendemos aumentar o déficit público dando mais desonerações.
Meirelles defendeu que, a despeito das revisões para baixo para o PIB de 2017 e o risco de estagnação ou nova recessão no próximo ano, a economia já deixou a UTI.
— O Brasil estava na UTI e em risco de colapso. Mas com as medidas
que estamos tomando, o Brasil saiu da UTI. Ainda não está andando
rápido, mas está em processo de recuperação e vamos sim crescer de forma
sustentável — afirmou ele, diante de empresários.
Entres as medidas que teriam ajudado o Brasil a sair desse quadro
mais crítico, o ministro citou a PEC dos gastos (que ainda precisa ser
aprovada em segundo turno pelo Senado), a transparência nas contas
públicas e a Reforma da Previdência, cuja proposta será apresentada por
Meirelles aos líderes partidários esta tarde e por Temer às centrais
sindicais no início da noite hoje.
— O trabalhador com 55, 60 anos é relativamente jovem, falo até por
experiência própria (Meirelles tem 71 anos). O mais relevante e crucial
para todos os brasileiros é termos a segurança que todos vão receber a
aposentadoria. A Previdência pode quebrar como vimos no Rio e em outros
estados — alertou.
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