05/12/2016 às 11h25 • atualizado em 05/12/2016 às 11h34
O ministro
do Tribunal de Contas da União (TCU), o paraibano Vital do Rêgo, está
sendo alvo, na manhã desta segunda-feira (05), de uma nova fase da
Operação Lava Jato. Policiais federais cumprem mandados de busca e
apreensão nas casas do ministro em João Pessoa e Campina Grande.
A informação foi confirmada a reportagem do Portal MaisPB pela PF.
O
deputado federal Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara, também é
alvo da operação. Além da Paraíba, os policiais cumprem mandados de
busca e apreensão em Brasília (DF), Canoas (RS) e Porto Alegre (RS),
Vital
e Maia são suspeitos de terem negociado propinas com empreiteiros que
estavam na mira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da
Petrobras, instalada no Congresso em maio de 2014. Naquela época, Vital
era o presidente da CPMI, enquanto Maia era o relator, responsável por
elaborar um relatório final sobre os trabalhos dos parlamentares.
De
acordo com documento da Procuradoria-Geral da República, a busca e
apreensão deflagrada nesta manhã tem como objetivo “coletar elementos
probatórios comprobatórios da obstrução dos trabalhos da CPMI da
Petrobras, mediante favorecimento de empresários que deixariam de ser
convocados a depor”.
As investigações desse caso começaram quando o
ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral, revelou, em sua
colaboração premiada, que a CPMI da Petrobras foi utilizada para fazer
negociatas. O relato do ex-parlamentar petista foi confirmado por outros
delatores, como os lobistas Júlio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça
Neto e executivos das empreiteiras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez,
além de depoimentos de dirigentes da construtora Engevix.
“No
curso da investigação, foram colhidos elementos indicativos da atuação
direta do presidente da CPMI da Petrobras, o então senador da República
Vital do Rêgo, na obstrução dos trabalhos da Comissão em benefícios de
empreiteiros potencialmente investigados”, diz a Procuradoria-Geral da
República.
Segundo investigadores da Lava-Jato, há indícios de que
Vital tenha solicitado a empreiteiros 5 milhões de reais para a sua
campanha ao governo da Paraíba. A metade desse valor foi doada pela
construtora OAS ao PMDB nacional, partido ao qual o ministro do TCU é
filiado. A outra parte foi repassada por meio de caixa dois 2, numa
transferência feita pela empreiteira à empresa Construtora Planíce, que
também é alvo de busca e apreensão.
Em setembro, o empreiteiro Léo
Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, afirmou, num depoimento
prestado ao juiz Sergio Moro, que Maia solicitou 1 milhão de reais para
blindar a empresa na CPMI da Petrobras. “O deputado Marco Maia foi muito
incisivo comigo”, disse Pinheiro. O empreiteiro disse que repassou a
propina a um empresário chamado “José”, indicado por Maia.
A nova
fase da Lava-Jato em Brasília ocorre sete meses após o ex-senador Gim
Argello (PTB-DF) ter sido preso em Curitiba pelos mesmos motivos que
tornaram Vital e Maia alvos de busca e apreensão nesta manhã. Gim já
foi, inclusive, condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos de prisão
pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à
investigação, cometidos durante a CPMI da Petrobras em 2014. Naquela
época, Gim era vice-presidente da comissão — e teria negociado, ao lado
de VItal, propinas com empreiteiros que tinham contratos com a estatal. O
ex-senador teria solicitado ao donos de construtoras 30 milhões de
reais para evitar requerimentos de convocação dos empreiteiros para
prestar esclarecimentos perante os parlamentares, segundo Otávio Marques
Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez. Uma parte dessa propina
teria sido paga pela OAS por intermédio de uma doação feita a uma
paróquia no Distrito Federal.
MaisPB
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