- Thiago Bernardes/FramePhoto/Estadão Conteúdo
O PT está contando votos para reverter o processo de impeachment no
Senado. A estratégia é retomar o discurso de novas eleições e convencer a
presidente afastada Dilma Rousseff a se comprometer com a proposta,
caso ela volte ao poder. Assim, petistas dizem acreditar que será mais
fácil fazer com que alguns senadores que votaram pela abertura do
processo mudem de voto na fase final.
Para que a presidente seja
definitivamente afastada são necessários 54 votos. Na sessão de
admissibilidade, 55 senadores votaram pela abertura do processo. O PT
calcula entre dez e 13 senadores considerados "potenciais" para mudar de
voto, porém espera reverter de fato quatro posicionamentos.
Os
nomes favoritos dos petistas para reverter a votação são os senadores do
Distrito Federal, Cristovam Buarque (PPS-DF), Antônio Reguffe (sem
partido) e Hélio José (PMDB-DF). O entendimento é que as medidas de
Temer com cortes no serviço público, concursos e reforma da Previdência
enfraquecem o eleitorado brasiliense de classe média.
Tanto Cristovam quanto José afirmaram na primeira sessão que votavam
apenas pela abertura do processo e que poderiam mudar de opinião.
Reguffe foi mais crítico em seu discurso contra o governo Dilma, mas ele
faz parte do grupo de senadores que defendem a PEC das novas eleições.
'Sinalização'
Cristovam, que também defende novas eleições, disse que, caso a
presidente se comprometa com a medida, essa seria uma "sinalização
importante", mas que isso não define o seu voto. Para o senador, Dilma
precisa mostrar que seria uma presidente melhor que Temer, abandonar o
discurso do golpe e assumir erros.
Na avaliação das duas
primeiras semanas de governo Temer, os petistas sustentam que o
presidente em exercício saiu desgastado e que a opinião pública já se
volta contra ele. Por isso, outra saída é usar os erros do governo para
jogar a população contra Temer e pesquisas de popularidade para
pressionar senadores.
Nessa linha, outro foco de atenção para os
petistas é o PSB. Além de o partido ter sido parte da base do governo
PT, os petistas apostam em uma questão regional. Eles acreditam que a
opinião pública vai se virar contra Temer com mais força no Nordeste e
Antonio Carlos Valadares (SE) e Roberto Rocha (MA) seriam nomes fortes
para mudar de voto.
Além desses, foi cotado também o nome do
senador Romário (PSB-RJ), que tem restrições com Romero Jucá (PMDB-RR),
ex-ministro do Planejamento de Temer e um dos principais articuladores
do impeachment. Jucá é relator da CPI do Futebol, presidida por Romário,
e trabalha no sentido de dificultar as investigações e evitar a
convocação de dirigentes da CBF. Senadores do PT afirmam que o assunto
já foi colocado para a presidente afastada e a parte mais difícil da
estratégia é justamente convencê-la a se comprometer com novas eleições.
(As informações são do jornal O Estado de S. Paulo).
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