07/03/2016 às 00h16
O delegado da Polícia Federal (PF) Luciano Flores, que conduziu o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento a
investigadores da Operação Lava Jato, informou ao juiz Sérgio Moro neste
domingo (6) que Lula disse que só sairia do apartamento algemado. Ele
só aceitou acompanhar os policiais, segundo o delegado, após ser
aconselhado pelo advogado. Desta forma, conforme a PF, houve o
cumprimento do mandado de condução coercitiva expedido pela Justiça
Federal no Paraná.
Ao expedir os mandados de busca e apreensão da 24ª fase da Lava Jato,
Sérgio Moro fez constar que o mandado de condução coercitiva só deveria
ser utilizado caso o ex-presidente se recusasse a acompanhar a PF
espontaneamente. O juiz ainda afirmou que “em hipótese alguma”, Lula
deveria ser algemado ou filmado durante o processo.
De acordo com o delegado, a PF chegou às 6h à casa do ex-presidente,
em São Bernardo do Campo. O próprio Lula abriu a porta e, segundo
Luciano Flores, autorizou de imediato que os policiais entrassem para
cumprir mandado de busca e apreensão. Neste momento, segundo o delegado,
foi solicitado a Lula que eles deixassem o local o mais breve possível
para a colheita do depoimento antes da chegada da imprensa, ou pessoas
que pudessem filmar o ato.
“Naquele momento, foi dito por ele [Lula] que não sairia daquele
local, a menos que fosse algemado. Disse ainda que se eu quisesse colher
as declarações dele, teria de ser ali” relatou Luciano Flores. O
delegado afirmou que não seria possível fazer a oitiva ali por questões
de segurança, e que havia um local preparado para o ato, no aeroporto de
Congonhas
“Disse ainda que, caso ele se recusasse a nos acompanhar naquele
momento para o Aeroporto de Congonhas, eu teria que dar cumprimento ao
mandado de condução coercitiva que estava portando, momento em que lhe
dei ciência de tal mandado”, explicou Luciano Flores.
O delegado disse que, então, Lula entrou em contato telefônico com o
advogado Roberto Teixeira, relatando a situação. “Logo depois de ouvir
as orientações do referido advogado, o ex-Presidente disse que iria
trocar de roupa e que nos acompanharia para prestar as declarações”,
relatou.
A saída do prédio ocorreu às 6h30 e a chegada ao aeroporto de
Congonhas ocorreu às 7h20. Vinte e cinco minutos depois o advogado
Roberto Teixeira chegou e conversou com o ex-presidente sem a presença
dos policiais. “Em torno das 8:00 o ex-Presidente e os advogados
retornaram à mesa onde ocorreria a oitiva e disseram que estavam prontos
para o ato, sendo dito pelo ex-Presidente que iria prestar as
declarações necessárias”, diz o documento.
A audiência começou, então às 8h, e durou três horas. Segundo a PF,
um grupo de parlamentares federais chegou a bater na porta e forçar a
entrada durante o depoimento, mas as entradas apenas foram autorizadas
após a lavratura do termo da audiência.
O delegado relatou ainda que insistiu para que Lula utilizasse a
segurança da PF para levá-lo a qualquer local em que ele quisesse ir,
mas que o ex-presidente dispensou a segurança, saindo em veículo
próprio.
MaisPB (Fernando Castro – Do G1 PR)
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