O promotor de Justiça Cássio Conserino, do Ministério Público de São
Paulo, intimou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mulher
Marisa Letícia e o empreiteiro José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro,
ligado à OAS, para prestarem depoimento no dia 17 de fevereiro, a partir
das 11h, sobre o tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá. Segundo o
promotor, o ex-presidente e Marisa vão depor como investigados. A
Promotoria suspeita que imóvel pertença a Lula.
Também foi intimado o engenheiro da OAS, Igor Pontes, engenheiro da OAS.
Conserino
diz ter indícios de que houve tentativa de esconder a identidade do
verdadeiro dono do tríplex 164 A, no Guarujá, que seria do
ex-presidente, o que pode caracterizar crime de lavagem de dinheiro.
Em
2006, quando se reelegeu presidente, Lula declarou à Justiça eleitoral
possuir uma participação em cooperativa habitacional no valor de R$ 47
mil. A cooperativa é a Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários)
que, com graves problemas de caixa, repassou o empreendimento para a
OAS. A Polícia Federal e a Procuradoria da República suspeitam que a
empreiteira pagou propinas a agentes públicos em troca de contratos
fraudados na Petrobrás.
Em agosto de 2015, Léo Pinheiro foi
condenado pelo juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na 1ª
instância. O empreiteiro pegou 16 anos e 4 meses de reclusão por
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A Lava Jato
apurou que a OAS fez parte do cartel das maiores construtoras que se
apossaram de contratos bilionários na Petrobrás, entre 2004 e 2014.
Depoimento
O
engenheiro Armando Dagre, sócio-administrador da Talento Construtora,
declarou ao Ministério Público de São Paulo que ‘praticamente’ refez o
triplex 164 A. A reforma, contratada pela empreiteira OAS, alvo da
Operação Lava Jato, custou R$ 777 mil, segundo Dagre. Os trabalhos foram
realizados entre abril e setembro de 2014.
Armando Dagre disse
que o contrato com a OAS para reforma do triplex incluiu novo
acabamento, além de uma outra piscina, mudança da escada e instalação de
elevador privativo que custou R$ 62,5 mil. Ele disse que não teve
nenhum contato com Lula, mas com a ex-primeira dama, Marisa Letícia.
Contou
que, um dia, estava reunido com o representante da OAS no apartamento
‘quando Marisa adentrou o apartamento com um rapaz e dois senhores’ e
que só depois soube que os acompanhantes da mulher de Lula eram um filho
do casal, Fábio Luiz, um engenheiro da OAS e o dono da empreiteira, Léo
Pinheiro – condenado na Lava Jato a 16 anos de prisão por corrupção
ativa e lavagem de dinheiro.
“Em verdade tomou um susto quando
vislumbrou a dona Marisa Letícia ingressando no meio da reunião
existente no interior do apartamento”, disse Armando Dagre.
Lava Jato
Na
quarta-feira, 27, a Operação Lava Jato deflagrou a Triplo X, sua 22ª
fase, que tinha como alvos a Bancoop, a OAS e a Mossack Fonseca. Segundo
a PF, esta etapa da investigação apura a ocultação de patrimônio por
meio de um empreendimento imobiliário, o Condomínio Solaris, “havendo
fundadas suspeitas de que uma das empreiteiras investigadas na Operação
Lava Jato teria se utilizado do negócio para repasse disfarçado de
propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobrás”.
A
Polícia Federal incluiu o triplex 164-A, que seria da família do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no rol de imóveis com “alto
grau de suspeita quanto à sua real titularidade” sob investigação na
Triplo X.
O procurador regional da República Carlos Fernando
dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato,
declarou na ocasião que ‘todos os apartamentos’ do Condomínio Solaris
são alvos da investigação sobre esquema de offshores criadas para
remessas ao exterior de propinas relacionadas às fraudes na Petrobrás.
Entre os imóveis investigados, disse o procurador, estão alguns que
podem estar relacionados a familiares do ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto, como sua mulher, Giselda, e a cunhada, Marice.
A informação foi confirmada pelo delegado Igor Romário, da Polícia Federal. “Todo o empreendimento está sob investigação.”
Durante
entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, o procurador respondeu a
uma pergunta se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja família
teria poder de compra de um tríplex no condomínio no litoral paulista,
seria também alvo da investigação.
“Investigamos fatos. Se houver
apartamento lá que esteja em seu (de Lula ) nome ou negociado com alguém
da sua família, como todos os outros (será investigado). Temos
indicativos do uso desses apartamentos para lavagem de dinheiro.”
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