- Pedro Ladeira/Folhapress
Brasília - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou
neste sábado (19) ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da
Agência Estado, que o vice-presidente Michel Temer "jamais recebeu
qualquer coisa que não seja doação ao PMDB" e desmentiu "com veemência"
supostas cobranças de suborno feitas ao presidente da OAS, José
Adelmário Pinheiro, conhecido como Leo Pinheiro. "Temer jamais recebeu
qualquer coisa que não seja a doação ao PMDB. Nem Temer nem ninguém no
partido que eu saiba", disse.
De acordo com reportagem publicada neste sábado pelo jornal Folha de S.Paulo,
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao relatar situações de
pagamento de suborno a peemedebistas, apontou indícios de que o
vice-presidente teria recebido R$ 5 milhões de Leo Pinheiro. O documento
consta nos autos da Operação Catilinárias, que corre em segredo de
Justiça.
Segundo a reportagem, a citação ao pagamento feito a
Temer estaria em uma troca de mensagens entre Pinheiro e Cunha. O
presidente da Câmara teria reclamado que o pagamento ao vice prejudicou e
adiou repasse a outros líderes peemedebistas, que ele chama de "turma".
A conversa estaria armazenada no celular de Pinheiro, que foi
apreendido no ano passado.
Cunha disse que, apesar de não ter
visto a peça e não ter condições de comentar o assunto, qualquer diálogo
"com quem quer que seja" tratando de valores é referente à doação
partidária. "Toda e qualquer menção a valores são correspondentes única e
exclusivamente a doações partidárias", reforçou.
O presidente
da Câmara garantiu ainda que o partido tem todas as doações devidamente
registradas. "Tenha certeza de que qualquer valor citado encontrará a
respectiva doação contabilizada e declarada a Justiça Eleitoral",
afirmou.
Questionado se a troca de mensagens com Pinheiro
existiu, Cunha insistiu: "Não vi a peça e nem conteúdo diálogo. Logo
sobre isso não vou falar."
Cunha disse que não conversou com o
vice-presidente após a divulgação da reportagem, pois "não precisa"
falar com ele para saber que não há doação ilegal. Para o presidente da
Câmara, a citação a Temer provavelmente se deve ao fato dele ser o
presidente do PMDB e nessa condição ser o responsável no partido "por
autorizar e, junto com tesoureiro, contemplar a distribuição dentro
partido das doações", afirmou. "O resto são ilações e fofocas que não
têm amparo nos fatos."
Em nota, o vice-presidente confirmou o
recebimento de R$ 5,2 milhões da empreiteira e disse que foram doações
ao PMDB devidamente registradas no partido e na prestação de contas
entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Houve depósitos na conta
do partido e a devida prestação de contas ao Tribunal. Tudo já
comprovado por meio de documentos. A simples consulta às contas do PMDB
poderia ter dirimido qualquer dúvida que, por acaso, pudesse ser
levantada sobre o assunto", escreveu Temer.
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