Não se faz omelete sem quebrar os ovos. Foi o que, pelo menos em princípio, ocorreu com o vice-governador Rômulo Gouveia, ao anunciar seu rompimento com o governador Ricardo Coutinho, após a adesão do PT à sua candidatura, com a indicação de Lucélio Cartaxo para o Senado. Segundo a Física, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, ao mesmo tempo.
Rômulo mandou bala no omelete: “Houve um brutal alijamento do processo de composição
partidária. Ontem (quinta-feira, dia 26) nos enganaram e hoje nos
vendem. Sempre nos desrespeitaram. O PSD não foi alijado só das
articulações políticas, mas dos atos de governo porque fomos contrários
às medidas tomadas nas últimas semanas, com a nomeação de muitos
cargos.”
“Basta acompanhar as últimas edições do Diário Oficial do Estado. O Governo fez em poucas semanas o que não fez em três anos.
“Basta acompanhar as últimas edições do Diário Oficial do Estado. O Governo fez em poucas semanas o que não fez em três anos.
Talvez
por isso, os apoios que não teve em três anos, se multiplicaram em três
dias”, foi de fato uma acusação grave, pois deu a entender que o
governador está trocando nomeações por votos.
Segue carta na íntegra de Rômulo:
“A
Paraíba acompanhou, em todos os passos e detalhes, o acordo partidário
do PSB e do governador Ricardo Coutinho, que garantiu ao PSD a vaga de
candidato ao Senado em sua chapa para a eleição de outubro. A
reivindicação de um espaço majoritário na chapa governista era decisão
partidária, mais que projeto pessoal, com vistas a garantir ao PSD presença expressiva no Congresso Nacional.
O
acordo foi reiterado seguidas vezes, e de público, por instâncias
partidárias e pelo próprio governador, que mais de uma vez repetiu para
diferentes auditórios a garantia de nossa candidatura ao Senado. Nos meios de comunicação,
em sucessivas oportunidades, o governador nos tratou como “nosso
senador”, assegurando, ainda mais, que o PSD escolheria o posto a ocupar
na chapa majoritária. Nenhum acordo, nenhuma negociação se faria sem
nosso conhecimento e aprovação. Nas últimas semanas, no entanto, o
acordo partidário vem sendo sistematicamente descumprido pelo governador
e pelo partido dele. O que apenas se conhecia pela Imprensa se
concretizou, com um surpreendente loteamento dos cargos majoritários,
alguns já assumidos, outros sabidamente já negociados. O PSD em momento
algum foi consultado sobre tais articulações. Em momento algum, abrimos
mão de nossa candidatura ao Senado, até porque se tratava de um projeto
partidário e não de um capricho pessoal. Jamais renunciamos. O que
houve, na verdade, foi um brutal alijamento e exclusão do processo de
composições partidárias, com o descumprimento inexplicável de acordos
privados, de compromissos públicos, de palavra empenhada e de parcerias
estabelecidas. Ontem nos enganaram. Hoje nos mentem. Sempre nos
desrespeitaram.
O PSD não foi alijado apenas das
articulações políticas, mas também de todos os atos de Governo, talvez
porque o próprio governador já soubesse, de antemão, de nossa posição
absolutamente contrária a algumas medidas das últimas semanas. Como
concordar com as centenas de nomeações de agentes políticos, com o
objetivo mal disfarçado de conquistar os apoios eleitorais finalmente
contabilizados? O Governo fez em poucas semanas o que se recusara a
fazer nos primeiros anos
de Administração. Tudo o que não cedeu em três anos, ele concedeu em
poucas semanas. Talvez por isso os apoios que não obtivera em três anos
se multiplicaram em poucos dias.
Tenho a consciência absolutamente tranquila da lealdade com
que sempre me portei como vice-governador do Estado, inclusive
assumindo o ônus político de medidas sobre as quais jamais fora ouvido.
Trabalhei e colaborei em silêncio, sem jamais disputar holofotes muito
menos o protagonismo das ações de governo, que, no entanto, são de uma
equipe inteira, mais que de uma única pessoa. Não me arrependo. Ao
contrário, envaidece-me o trabalho da equipe
de governo que integrei. Orgulho-me da lealdade que é um valor de minha
historia e marca de minha vida. Apoiar, a essa altura, a reeleição do
governador é avalizar o desrespeito, a quebra de palavra e compromissos e
compactuar com práticas administrativas que o próprio governador e eu
condenamos durante os primeiros três anos de administração. O PSD não
acredita em ética de circunstância nem em moralidade de conveniência.
O
PSD muda de trincheira para não mudar de valores e princípios. O PSD
apoiará, na plenitude de suas forças e na inteireza de seus esforços, a
candidatura de Cássio Cunha Lima, de quem em algum momento nos
distanciamos por um projeto partidário, e de quem nos reaproximamos por
uma decisão pessoal, de respeito a princípios e valores que são
irrenunciáveis. Mesmo quando temporariamente distanciados, jamais nos
desrespeitamos, nem em público, nem em privado. Os valores que nos
uniram uma vida inteira consolidarão uma aliança que transcenderá
dimensões puramente partidárias.
Com todas as adversidades, mesmo com o noticiário insistente sobre
nossa exclusão da chapa majoritária, nosso nome cresceu
consistentemente, em todas as regiões do Estado, como prova de que os
paraibanos julgavam, em nosso pleito, a história de uma vida de quem já
foi vereador, deputado estadual, deputado federal e vice-governador,
sendo presidente do Poder Legislativo e que agora era indicado para ser
senador. Agradeço a cada um dos que defenderam nossa causa, em todos os
pontos de nossa Paraíba. Agradeço, muito particularmente, a minha
querida Campina Grande, que não nos faltou com seu apoio e confiança.
O
projeto partidário do PSD, de disputar espaço majoritário, fica
temporariamente adiado. Submeto, agora, meu nome e minha história,
propostas e bandeiras à Paraíba, na disputa de uma cadeira de deputado federal. A Paraíba julgará minha decisão e minhas aspirações, em instância última e irrecorrível.
Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.
João Pessoa, 27 de Junho de 2014
RÔMULO GOUVEIA“
0 comentar:
Postar um comentário
obrigado e comente sempre