Brasil

Recessão aumenta desalento e precariedade do trabalho

27/10/2016 12h50

A deterioração do mercado de trabalho no Brasil vai muito além da manutenção da taxa de desemprego no patamar elevado de 11,8% desemprego entre julho e setembro deste ano.

Existem dois outros movimentos que são tão preocupantes quanto o número alto de pessoas que gostariam de trabalhar, mas não conseguem uma ocupação. 

Um deles é o número crescente de brasileiros que estão aceitando empregos mais precários. Os trabalhadores sem carteira assinada somaram 10,3 milhões entre julho e setembro, contra 10,2 milhões no trimestre encerrado em agosto. Trata-se da sétima alta consecutiva nessa base de comparação. 

Outra tendência é o maior número de pessoas que tem desistido de procurar uma ocupação. Isso é medido pela chamada taxa de participação, uma relação entre o número de pessoas ocupadas ou buscando emprego e a quantidade de brasileiros em idade para trabalhar.
Essa taxa vinha caindo em anos recentes principalmente por conta do maior número de jovens que, com a melhora da renda de suas famílias, vinham se dedicando apenas aos estudos.
A forte recessão –com suas consequências negativas sobre os salários e o nível de emprego levou a uma reversão desse movimento a partir do início do ano passado.
Mais recentemente, no entanto, voltou o movimento de queda na taxa de participação. Depois de atingir 61,6% no trimestre encerrado em junho, ela recuou três vezes seguidas, atingindo 61,2% no trimestre terminado em setembro.

O problema é que dificilmente as pessoas estejam desistindo novamente de procurar trabalho por "boas razões". A provável causa da nova mudança de direção é o desalento, a falta de esperança de que a busca será bem sucedida. 

Esses dois movimentos são sinais evidentes de um ambiente laboral mais precário que pode perdurar por mais tempo do era esperado já que economistas têm postergado suas projeções de volta do crescimento. 

Quanto mais duradouro for esse cenário, piores as consequências de longo prazo para essas pessoas e para a economia brasileira. 

Trabalhadores em ocupações precárias e informais deixam de contribuir para a Previdência e de acumular habilidades que poderiam melhorar suas perspectivas de renda futura. Jovens desestimulados dentro de casa representam uma perda enorme de capital humano para o país.

 

 

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