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Marieta Severo, Leoni e outros artistas armam resistência contra fim do MinC



LUIZA FRANCO

Cerca de 60 deles se reuniram na noite desta segunda (16) em um casa em Botafogo, zona sul do Rio. O encontro foi convocado pela APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio).
Estavam presentes artistas como Marieta Severo, Renata Sorrah, Leoni, Marcelo Serrado, Marco Nanini, Tonico Pereira, Bruna Linzmeyer e representantes de entidades, como Paula Lavigne, do Procure Saber.
Aplausos e homenagens deixaram evidente o apoio dos artistas à ocupação do Palácio Gustavo Capanema, prédio histórico no centro do Rio. O edifício, onde hoje funciona a Funarte, foi ocupado no início da tarde desta segunda por manifestantes contrários à extinção do Ministério da Cultura e por movimentos contrários ao governo do presidente interino Michel Temer (PMDB).
Tudo indica que o local virará um centro de resistência. Lavigne anunciou que a Procure Saber pretende montar um palco no pilotis do edifício e organizar shows e apresentações ali todas as noites, às 19h. A programação ainda não foi definida, mas as atividades devem começar na próxima quarta (18). Otto e Lenine já disseram que participarão dos atos.
Depois de duas horas de votações e debates, ficou decidido que uma carta de repúdio ao fim do ministério será entregue ao governo interino de Temer. Ela será assinada por associações, como a APTR, a Procure Saber, o GAP (Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música) e sindicatos (veja íntegra da carta abaixo).
Não se chegou lá sem muita discussão. Isso porque todos os presentes estavam unidos no desejo de repudiar a extinção do ministério, mas houve divergência sobre como articular o movimento pois muitos se recusam a dialogar com um governo que consideram ilegítimo.
A questão foi trazida logo no início do encontro por Marieta Severo. A grande questão que está no ar é: como a gente negocia com um governo que a gente considera ilegítimo?", perguntou ao microfone.

Tonico Pereira brincou: "Eu reconheço o governo Temer. Vejo filme de vampiro desde criancinha."

Até Marcelo Serrado, que foi a manifestações pedindo a queda da presidente Dilma Rousseff (PT) com camiseta do #morobloco, um trocadilho entre os nomes do juiz Sergio Moro e da banda Monobloco, estava resistente.

"Aquele governo não me representa, mas este também não. Quero novas eleições. Eu não vou a Brasília apertar a mão do Temer", disse o ator.

A resposta veio de pessoas como Lavigne, Frejat e o presidente da APTR, Eduardo Barata. "Se a gente não dialogar, o que vai ser de nós? Ficaremos acéfalos? Nossa proposta é tentar garantir as mínimas condições de diálogo", afirmou Barata.

"Para não dividir a classe, escolhemos fazer o 'Fica MinC'. Eu sou daqueles que não reconhecem a legitimidade política desse governo, mas, mesmo que não concordemos, ele extinguiu o ministério. Uma vez resolvida a questão política, queremos que essa estrutura esteja lá. É uma conquista nossa de 30 anos", disse Junior Perim, do Circo Crescer e Viver.

AÇÃO NO STF

Lavigne também anunciou que o Procure Saber deve entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a extinção de departamentos específicos do ministério, por exemplo, o que lida com propriedade intelectual. A empresária, no entanto, não deu mais detalhes dessa iniciativa.

O presidente interino Michel Temer (PMDB) pretende definir até o final desta semana o nome que comandará a secretaria nacional de Cultura, estrutura que será subordina ao Ministério da Educação.

Em reunião nesta segunda, o peemedebista definiu que, embora seja dependente financeiramente do Ministério da Educação, a pasta teráautonomia gerencial.

A tentativa é, assim, diminuir a repercussão negativa da extinção da pasta.

Segundo a Folha apurou, o presidente interino está entre dois nomes para a estrutura: da ex-secretária estadual de Cultura do Rio de Janeiro, Adriana Rattes, e da atual diretora de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin.
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Veja a íntegra da carta dos artistas a Michel Temer:

Às vésperas das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, o setor cultural recebe com repúdio a Medida Provisória que extinguiu o Ministério da Cultura. Este ato promoveu um retrocesso de 30 anos. O MinC é uma conquista da sociedade brasileira e não pode deixar de existir, especialmente num cenário de ausência completa de debate com os interlocutores necessários.

A alegada demanda por uma máquina pública enxuta não pode ser implementada à custa do desmonte de estrutura dedicada à guarda e preservação da identidade nacional.

Encaminhamos este documento público para expressar a fundamental importância da permanência do Ministério da Cultura, como órgão superior e nacional para formulação de políticas a altura da relevância de um projeto de cidadania e desenvolvimento. 

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