Dilma, refém de si mesma

03 de dezembro de 2015 - 12h13 • atualizado às 12h16 

Pouco mais de um ano reeleita, a presidente Dilma chega à beira do abismo

Dilma não é refém de Eduardo Cunha, o periculoso presidente da Câmara que, no dever de suas atribuições, hoje questionadas pelo balaio de denúncia que pesa contra si, decidiu dar sequência ao pedido de impeachment fundamentado pelos juristas Miguel Realle Júnior e Hélio Bicudo, ironicamente fundador do PT.
Eduardo Cunha não é flor que se cheire, mas, regimentalmente, cabe a ele decidir sobre o tema, enquanto tiver sentado no comando da Câmara. Cunha joga o mesmo jogo do governo nas tentativas de salvação, como exemplificado no relatório final da CPI da Petrobrás.
Dilma é refém dos descaminhos do seu governo e do vale tudo do seu partido para continuar no poder a qualquer preço e custo, literalmente. Dilma é refém dos erros de condução da economia do Brasil, de mal a pior na sua gestão, e da incapacidade de liderança, qualidade que nunca demonstrou possuir.
Dilma é refém do desastre orçamentário, dos furos, das pedaladas fiscais, das contas reprovadas, e dos escândalos perpetrados no seu governo, debaixo do seu nariz, na Petrobrás, desnudados com riqueza de provas e detalhes pelos instrumentos autônomos da Justiça, incluindo aí a Polícia Federal.
Dilma é refém da escolha feita no debate eleitoral passado, quando, para vencer, optou por escamotear a verdade do povo brasileiro a respeito das vísceras da gestão federal e prometeu um Brasil que só se sustentava nos textos publicitários de João Santana, que ganhou pela habilidade de fazer o eleitor temer a mudança, latente no desejo de muitos.
Refém dos descompassos do discurso e da realidade, Dilma e o PT agora partirão para a última tábua de salvação: usar todo o prestígio e poder da máquina estatal, com suas dezenas de ministérios e cargos, para escapar tentando o quórum mínimo no colegiado. Vai precisar mais uma vez jogar o jogo que tanto condena e tão competentemente pratica.
Ponto…
O senador Cássio Cunha Lima enxerga provas suficientes para a cassação. Já este ano – assevera Cássio – Dilma editou decretos de R$ 2,5 bilhões sem autorização legislativa.
…Contraponto
Para o governador Ricardo Coutinho, o movimento de Cunha é chantagem. “O golpe não passará”, profetizou o socialista, para quem não há elementos para o afastamento.
Peso do…
O mandato de Dilma depende muito do PMDB. Na Paraíba, somente Veneziano Vital tem posição aberta contra o impeachment. Manoel Júnior e Hugo Motta aguardam os fatos.
…PMDB
No Senado, os experimentados José Maranhão e Raimundo Lira são mais cautelosos e evitam antecipar posições. Maranhão, pessoalmente, nunca morreu de amores pela presidente.
Ricardo CoutinhoPolícia na rua
Segurança se faz com gente na rua. A contratação de novos 520 policiais militares reforça essa máxima e o Governo dá, finalmente, a resposta que a sociedade espera, além de dados e estatísticas. “É preciso separar a política partidária do trabalho desses homens e mulheres”, disse, ontem, o governador Ricardo Coutinho (foto) na solenidade de formação dos policiais.
BRASAS
*Para o deputado Anísio Maia (PT), Eduardo Cunha age com postura revanchista. “É um crime”!
*Presidente do PT da Paraíba, Charlinton Machado, vai direito ao ponto: “cassação só interessa ao PSDB”.
*Dilma criou “uma cortina de fumaça” ao acusar Cunha, ao invés de se defender dos crimes elencados pelos autores do pedido de afastamento, pensa o presidente do PSDB, Ruy Carneiro.
*Tárcio Teixeira, do PSOL, lamenta que o futuro do Brasil será decidido por um “Congresso podre e adoecido”.
*Presidente do PSB de João Pessoa, Ronaldo Barbosa avisou: o partido vai as ruas para evitar o “golpe contra a democracia brasileira”.
FALA CANDINHA!
Dona Candinha foi lacônica no seu comentário sobre a abertura de impeachment. “Eu sabia que mais cedo ou mais tarde Eduardo acunharia Dilma”.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Quem diria que o partido que ajudou a derrubar Collor hoje precisaria do apoio do mesmo ex-presidente para não cair?
JeováPINGO QUENTE
“É uma tentativa de golpe irresponsável de um criminoso”. Do deputado Jeová Campos (PSB-foto), contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

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