16/10/2015 às 08h19 • atualizado em 16/10/2015 às 08h20
O
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, autorizou na
noite desta quinta-feira (15) a abertura de um novo inquérito para
investigar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O pedido de investigação foi formulado mais cedo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O
procurador-geral quer apurar suspeitas de corrupção e lavagem de
dinheiro em razão de quatro contas na Suíça atribuídas ao parlamentar.
A existência das contas é apontada em documentação enviada à Procuradoria Geral da República pelo Ministério Público suíço.
Teori
Zavascki também autorizou a investigação da mulher do deputado, Cláudia
Cordeiro Cruz, e de uma filha dele, supostas beneficiárias dessas
contas.
Na semana passada, a Procuradoria recebeu da Suíça
extratos bancários e documentos que indicam que Eduardo Cunha era
titular das contas.
Em uma, segundo informou o MP suíço, houve um
depósito de R$ 1,3 milhão de francos suíços. Segundo a procuradoria,
trata-se de dinheiro de propina oriundo de contrato de exploração de um
campo de petróleo em Benin, na África.
Cunha nega contas no exterior
Em nota divulgada no último dia 10, Cunha afirmou nunca ter recebido “qualquer vantagem de qualquer natureza, de quem quer que seja, referente à Petrobras ou a qualquer outra empresa, órgão público ou algo do gênero”. Também reiterou depoimento espontâneo que deu à CPI da Petrobras no início do ano em que negou possuir contas fora do país.
Nesta
sexta, depois do anúncio de que o procurador-geral havia solicitado a
abertura de novo inquérito, Cunha disse que o pedido facilitará a
defesa.
“Não fui notificado. Meu advogado vai tomar as
providências. É natural, eu prefiro que tenha alguma coisa às claras
para que eu possa ter acesso. Na medida em que pede a instauração de
inquérito, a gente vai ter acesso e poder se defender. Não vejo isso
como nenhum problema”, disse. Cunha não quis comentar o fato de a esposa
e a filha dele estarem incluídas no pedido de investigação.
Outro inquérito
Em agosto, Eduardo Cunha já tinha sido denunciado pela PGR por corrupção e lavagem de dinheiro, devido à suspeita de ter recebidopelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras.
Nesta quinta, chegou ao STF um complemento a essa
acusação, com trechos da delação do lobista Fernando Baiano na qual ele
reafirma o repasse.
Documentos da Suíça
Os detalhes sobre as supostas contas secretas foram enviadas pelo Ministério Público da Suíça e chegaram à Procuradoria Geral da República na semana passada.
Os documentos incluem cópias de passaporte, comprovantes de endereço no Rio de Janeiro e assinaturas de Cunha.
Na
peça entregue ao STF, a PGR anexou cópia de todo o material que veio da
Suíça, inclusive um diagrama que mostra o caminho do dinheiro entre
várias contas.
Os investigadores rastrearam o caminho do dinheiro
depositado nas contas bancárias, que receberam nos últimos anos
depósitos de US$ 4.831.711,44 e 1.311.700 francos suíços, equivalentes a
R$ 23,2 milhões.
Os documentos do Ministério Público suíço sobre
as contas contêm detalhes como gastos realizados em cartões de crédito,
inclusive para gastos pessoais, como um curso de inglês na Malvern
College, na Inglaterra, no valor de US$ 8 mil, e para uma academia de
Nick Bollettieri, uma das principais formadoras de tenistas no mundo,
com pagamento de US$ 59 mil.
G1
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