Eduardo Cunha nega acordo com governo para evitar cassação

15/10/2015 14h03 - Atualizado em 15/10/2015 19h04

Em contrapartida, presidente da Câmara barraria abertura de impeachment.
Ele também desmentiu haver qualquer negociação com a oposição.

Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília

 
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) (Foto: Andressa Anholete/AFP)
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desmentiu nesta quinta-feira (15) que esteja negociando um acordo com o governo para que seja poupado no Conselho de Ética da Casa e, em contrapartida, barre a eventual abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Ele também negou haver qualquer articulação com a oposição, que o tem apoiado em troca de dar seguimento ao impeachment.
Nos últimos dias, segundo o Blog do Camarotti, com o agravamento das denúncias contra ele, Cunha tem ensaiado uma aproximação com o governo para discutir a possibilidade de ter o seu mandato poupado no processo que responderá no colegiado por suposta quebra de decoro parlamentar. Até então, a estratégia do peemedebista era, respaldado pela oposição, pressionar o governo com a abertura de um processo de impeachment.
“Acho muito engraçado que vocês [jornalistas] pegam as versões e publicam as versões, apesar de a gente desmentir, com destaque, com manchete, como se fosse fato. A mim só cabe desmentir. (...) Não fiz acordo nem com o governo nem com a oposição”, disse.
Cunha reiterou que tem exercido seu papel institucional, mas com “independência”, “Tenho exercido meu papel institucional. Sempre disse que não ia agir nem como governo nem como oposição. Com independência”, declarou.
Sobre o impeachment, o presidente da Câmara negou haver qualquer tipo de conversa a esse respeito com o governo. “Neste papel do impeachment eu exerço o papel de juiz. Alguém conversa com juiz sobre a sentença que ele vai dar? Não existe isso”, afirmou.
Segundo o Blog do Camarotti, nos bastidores, o peemedebista tem reclamado da velocidade do ritmo das investigações contra ele pela Procuradoria Geral da República. O governo, entretanto, tem deixado claro a ele que não tem como interferir no trabalho do procurador-geral, Rodrigo Janot.
Cunha informou que conversou com ministros, entre eles Jaques Wagner (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social). “Conversei com Jaques Wagner uma vez na semana passada e outra na nesta semana. Ele não propôs acordo nenhum. Eu conversar com ministro significa que tem que ter proposta de acordo? Acho isso tão ridículo", disse.
"Semana passada, eu tomei café com o Edinho. Qual o problema? Não consigo entender. Eu ter um encontro com alguém significa que tem que ter acordo? Tenho que dialogar com todo mundo. É o meu papel”, justificou Cunha.
PT
Também nesta quinta, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido não impedirá a tramitação de um possível processo na Comissão de Ética da Câmara contra Cunha. A declaração de Falcão foi dada ao blog do jornalista Breno Antman e reproduzida no site do PT.
"Notícias a este respeito são deslavadas mentiras de quem deseja semear confusão", disse Rui Falcão. O petista disse também que as denúncias contra Cunha "seguirão seu rito normal" e os representantes petistas "votarão conforme as provas e sua consciência".
“Tanto o governo quanto o PT já deixaram claro que não existe hipótese de complacência com o malfeito e a corrupção, que devem ser apurados e punidos doa a quem doer”, completou.
O dirigente disse ainda que, ao contrário do PT, quem tem "acerto" com Cunha "é a oposição de direita, como é público e notório".
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), também negou que haja um acordo do governo da presidente Dilma com o presidente da Câmara. "Não sei de onde está vindo essa história", disse.
Sobre as acusações a Cunha e o pedido de cassação dele, Sibá disse que "o assunto está sendo tratado nos fóruns oficiais”. “Não vamos nos meter nesse assunto que não é nosso”, afirmou o petista.
O líder do PT disse, ainda, que o partido não fará orientações a deputados da bancada que compõem o Conselho de Ética no que se refere à cassação de Cunha. "Quem está no conselho de ética sabe da responsabilidade que tem", disse.
Conselho de Ética
Na última terça-feira (13), o PSOL e a Rede entraram com uma representação no colegiado para que Cunha seja investigado por suposta quebra de decoro parlamentar. Os partidos entendem que ele mentiu em depoimento à CPI da Petrobras, em março, quando disse que não possuía contas no exterior. Em documento enviado pela Procuradoria Geral da República, o procurador-geral, Rodrigo Janot, confirmou, no entanto, que Cunha tem contas na Suíça.
Questionado mais uma vez quando pretende se defender da acusação, Cunha repetiu que aguardará ser notificado para apresentar sua defesa."Quando o Conselho me notificar e me pedir para apresentar defesa, apresentarei nos termos que estarão colocados. Qualquer ato de defesa será público", afirmou.
Arte Rito do Impeachment (Foto: Editoria de Arte / G1)
 

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