Critérios para o recebimento dos benefícios ficarão mais rígidos e haverá ainda carência para o pagamento de pensão por morte e abono salarial
Seguro-desemprego: só terá direito quem tiver 18 meses de trabalho no primeiro emprego
(Pedro Ladeira/Folhapress)
Os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do Planejamento,
Nelson Barbosa, que tomará posse na quinta-feira, anunciaram medidas
provisórias que mudam os critérios de adesão a benefícios
previdenciários, como seguro-desemprego e pensão por morte. As mudanças,
segundo os ministros, devem acarretar em economia de 18 bilhões de
reais em 2015 — ou 0,3% do Produto Interno Bruto. As MPs passam a valer a
partir de terça-feira, dia em que serão publicadas no Diário Oficial da
União.
Nesta segunda-feira, o Tesouro Nacional divulgou o resultado fiscal do governo de janeiro a novembro: um rombo recorde de 18,31 bilhões de reais.
Isso significa que até o penúltimo mês do ano, a arrecadação do governo
não havia sido capaz (nem de perto) de superar seus gastos.
Houve desaceleração nas receitas e o rombo previdenciário não diminuiu
no mesmo compasso: ficou em 58 bilhões de reais no acumulado dos onze
primeiros meses do ano. No mesmo período de 2013, havia alcançado 60
bilhões de reais.
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As MPs, que, na prática, significam uma
'minirreforma' previdenciária, precisam ter a validade confirmada pelo
Congresso Nacional no prazo de até 120 dias. As mudanças se aplicam aos
novos beneficiários — e não para aqueles que já recebem o benefício com
base nas regras antigas. (Clique para continuar lendo).
Saiba o que muda nas regras dos benefícios previdenciários
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O governo propõe que, para receber o benefício, o trabalhador tenha
ficado pelo menos 18 meses trabalhando, caso seja seu primeiro emprego.
Já no caso do segundo emprego, será preciso trabalhar ao menos 12 meses
para receber o seguro. A partir do terceiro emprego, a carência é de
seis meses. Atualmente, o período exigido pelo Ministério do Trabalho é
de um mês. "Não faz sentido a pessoa trabalhar um mês e receber pelo
trabalho um ano", disse o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
"Os direitos trabalhistas estão mantidos e serão sustentados, mas alguns
programas precisam de correção", disse.
Segundo Mercadante, 74% dos pagamentos do seguro-desemprego são feitos a quem está entrando no mercado de trabalho — na primeira ou segunda vez em que sua carteira de trabalho é assinada.
Seguro-desemprego

Segundo Mercadante, 74% dos pagamentos do seguro-desemprego são feitos a quem está entrando no mercado de trabalho — na primeira ou segunda vez em que sua carteira de trabalho é assinada.
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As mudanças já eram esperadas
e estavam sendo desenhadas pela nova equipe econômica, com a
'consultoria' do ministro Guido Mantega. O anúncio, contudo, foi feito
justamente no dia em que o governo anunciou um rombo fiscal histórico —
ou seja, o mercado esperava alguma satisfação. As mudanças só foram
anunciadas após uma reunião dos ministros com centrais sindicais, entre
elas CUT e UGT, no Palácio do Planalto. Também participaram da coletiva a
atual ministra do Planejamento, Mirian Belchior, e o ministro do
Trabalho, Manoel Dias.
Segundo Nelson Barbosa, as medidas terão impacto crescente de
economia nos gastos públicos ao longo dos próximos anos. O futuro
ministro do Planejamento justificou as medidas como forma de garantir a
segurança jurídica das alterações, o que exige "anterioridade, carência e
proporcionalidade" com base no ano fiscal anterior ao de entrada em
vigor das medidas. "Essas medidas foram adotadas porque foram propostas
pela equipe atual (do ministro da Fazenda, Guido Mantega)", disse
Barbosa. "O impacto global dessas medidas dependem da evolução delas, de
como a sociedade vai se adaptar, mas a expectativa é de gerar uma
economia de 18 bilhões de reais por ano", afirmou.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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