Brasil, mãos ao alto

Banqueiros, sabidamente, adotaram uma única política para enfrentar a onda de violência: os seguros, que restituem o dinheiro surrupiado e recompõem as estruturas danificadas

 Por Roberto Cavalcanti
Um silvo atravessava a noite – era agudo, porém reconfortante para o menino Roberto nas noites em que a insônia me impedia de conciliar o sono.

Era reconfortante pois significava que alguém, lá fora, estava cuidando da nossa proteção. E isso em um tempo em que segurança não era, ainda, a paranoia generalizada que toma conta hoje de todo o País.

O silvo silenciou. E a figura do guarda noturno ganhou contornos nostálgicos.

Pouca gente se aventura hoje a enfrentar, com um apito, a bandidagem bem armada e disposta ao confronto.

Os bancos, por exemplo, não enfrentam. As agências, cada dia mais visadas, têm segurança meramente de fachada.

Ou alguém tem a ilusão de que aquele guarda plantado no saguão, destravando a porta, tem alguma chance contra metralhadoras e explosivos?

Os guardas servem, apenas, para expor uma realidade preocupante: os bancos não querem, e efetivamente não fazem, investimentos privados para blindar seus cofres nem seus clientes.

No meio desse tiroteio aparecem justamente os correntistas, nas filas alongadas, rezando para não estar no lugar errado, na hora errada.

Os banqueiros, sabidamente, adotaram uma única política para enfrentar a onda de violência: os seguros, que restituem o dinheiro surrupiado e recompõem as estruturas danificadas.

E quem pode criticá-los?

Os banqueiros têm resistido às pressões governamentais, que querem compartilhamento financeiro pela vigilância das agências, sob uma alegação matadora: pagam impostos pesados para ter, do Estado brasileiro, a contrapartida da segurança pública.

Uma segurança que até o mais inocente dos brasileiros sabe que não blinda nada nem ninguém.

Por isso recorre às milícias privadas – uma contravenção que o aparato legal faz questão de não enxergar – ou às empresas de segurança privada, que representam um ônus a mais na imensa conta que compõe o Custo Brasil.

A verdade é que este País virou uma grande Tombstone e, ao que tudo indica, a décima cavalaria não está a caminho.

Uma cavalaria que deveria estar a postos e muito bem equipada, tendo em vista que é financiada com os trilhões que a União amealha com uma das maiores cargas tributárias do mundo.

Tão grande e tão pesada que grita aos brasileiros:

Mãos ao alto!

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